Tenho observado o crescente número de crianças que chegaram no meu consultório nos últimos meses com Transtorno de Ansiedade e suas consequências. Posso afirmar que apesar da diferença de idade todas chegam com energia rebaixada e com muito medo, cada uma conta sua história vivida sempre com muita dor e temerosa que a situação se repita.
Você deve estar se perguntando qual o motivo que mobiliza esse sofrimento nelas? Eu respondo a violência urbana que estamos vivendo todos os dias de uma forma cada vez mais agressiva. Hoje é difícil encontrar alguém que nunca tenha sido vitima ou que não conheça outra pessoa que não tenha passado por isso nas ruas, lugares públicos ,em casa, no carro etc. É só ligar a TV ou ler os jornais as noticias estão lá, num crescente diário o que nos deixa com muito medo. Se o adulto fica impressionado com o que vê e ouve o que dirá a criança, quais quais sentimentos são mobilizados em seu interior e como isto será vivido por ele?
O medo faz parte do desenvolvimento infantil e , é vivido em seu imaginário onde através do brincar ela pode lidar com ele e elabora-lo transformando tudo em experiência e se preparando para a vida adulta.
Só que atualmente essa mesma criança passa por situações de violência urbana e se depara com o medo do mundo real, tornam-se refém do medo, como consequência muitas desenvolvem Transtorno de Ansiedade, Síndrome do Pânico, Fobia Social ou Escolar, etc.
Esse tipo de medo age no corpo e na mente, crianças que antes eram independentes, dormiam sozinhas e tinham boa convivência social passam a ter quadro de insônia, aumento de quadros infecciosos, falta de concentração, medo de ser esquecido como por exemplo na escola. Tudo isso afeta seu desenvolvimento biopsicossocial impedindo que ela continue a cumprir suas etapas dentro da infância de forma saudável e criativa.
O que fazer para ajudá-las ,penso que os pais devem ouvir o que o filho tem para dizer demonstrando interesse, proporcionando segurança para que ela consiga enfrentar seus medos e superá-los. Ouço muitos pais me dizendo que já explicaram que já passou e que é bobagem lembrar, entendo que é uma tentativa para que o filho fique livre desse pesadelo, porque os pais também estão muito angustiados, mas este não é o caminho. Reafirmo escute e ajude seu filho a enfrentá-lo, fique ao seu lado ,de suporte para que ele sinta-se mais fortalecido, busque estratégias comportamentais de enfrentamento dando sensação de proteção, isto dará a criança maior bem estar.
Fica a dica: conte a ele que quando você era criança também teve muito medo e conseguiu superar, lembre a ele que todos nós temos medos. A grande diferença é que o medo dos pais era a "loira do banheiro" na escola e agora é do assalto nos faróis e nas ruas.
Teresa Zogaib
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