28/07/2012

Pobre menina rica

Ela queria sempre mais, não se contentava com o que tinha pelo que se lembra de sempre foi assim desde pequena. Tinha o perfil da pessoa voraz, ou seja, queria tudo para si, controlava a vida de seus amigos com intuito de saber tudo que eles faziam e tinham. Era muito egoísta, orgulhosa e vaidosa.
Quando algum deles viajava, se ela ainda não conhecia o lugar imediatamente sentia um incômodo insuportável e dava um jeito de ir e ficar mais do que ele, o mesmo acontecia com os bens materiais que os amigos tinham.

  
Desde pequena ela era assim. Seus pais eram pessoas de origem humilde que desde cedo sempre trabalharam duro e conseguiram progredir financeiramente. Ela não sentia nenhum orgulho da trajetória de vida deles, aliás, odiava quando eles falavam sobre isso.

Sua vinculação com eles era somente financeira, afinal pensava se era desse jeito por culpa deles que a criaram assim. Já os pais tinham o sonho de dar a filha tudo que eles nunca tiveram como os estudos, sonham que ela se tornasse uma doutora, acreditavam que dessa forma ela seria feliz.
 

Como tudo na vida tem seu preço, eles a mimaram demais, esqueceram-se de colocar limites, de ensinar a batalhar, a lidar com frustrações e a se colocar no lugar do outro para que ela enfrentasse a vida de verdade e desenvolvesse habilidades para se tornar uma pessoa independente. Como ela era muito esperta usava isso como desculpa para não se responsabilizar por sua vida.

Nem faculdade quis fazer, partia do princípio que tinha uma condição financeira muito boa e que não precisava disso para viver.
Mas o que a incomodava tanto, já que tinha tudo que desejava? A verdade é que vivia cercada de amigos, mas tinha consciência que era porque, sempre bancava tudo para tê-los ao seu lado.


Com o passar do tempo foi ficando mais crítica e ampliou sua vontade de ser melhor do que os outros, lógico que sob seu ponto de vista e de seus valores. Mas o incômodo continuava fez o que era de costume e observou mais ainda as pessoas que estavam junto dela, confirmou que  era a melhor, tinha tudo que queria e sua palavra preferida era o verbo ter.
 Os amigos observaram que ela estava mais controladora e muita se afastaram dela, mais ela não se importou. A cada dia tinha mais orgulho de sua vida o que a deixava mais prepotente.


Por essas coincidências que a vida trás, um dia ela estava em uma festa e logo notou uma garota nova na turma que tinha a atenção de todos, achou estranho àquela situação, pois estava na cara que não tinha o que a menina tinha para chamar tanta atenção, o que a deixou persecutória.
Numa determinada hora notou que, a outra tinha um brilho no olhar diferente do seu, sorria bastante, conversava com todos e muitos de seus amigos a largaram para se juntar a esta outra menina.
 
Não estava acostumada com isso e passou a noite toda observando e pensando sobre a menina. O que essa garota tinha que ela ainda não conseguira ter? Depois de perguntar muito sobre ela chegou à conclusão que ela era seu oposto, sua palavra de vida sempre foi o "verbo Ter” e a outra descaradamente demonstrava o "verbo Ser". Sentiu muita inveja dela.

Como não sabia o que era ser, lembrou que existia certa caixa de Pandora que quando foi aberta muitos sentimentos fugiram como: ganância, vaidade, ira, orgulho, inveja, arrogância, prepotência,tudo isso ela já tinha, mas restou dentro da caixa a esperança
A partir dessa lembrança, tomou a decisão de ir atrás dessa caixa para comprá-la custasse o que custasse, porque lá estava a esperança para ela poder Ser.

Seja Feliz
Teresa Zogaib

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