29/04/2012

Existe criança psicopata?


A ideia deste post surgiu depois de uma discussão de caso clínico em um grupo de estudo, o que diante das hipóteses levantadas me fez pensar muito a respeito do tema.


Em primeiro lugar destaco que muitas pessoas confundem a fase do desenvolvimento infantil que é esperado que a criança por ser pequena (2/3 anos), utiliza seu corpo como defesa,  principalmente porque todas suas atividades são corporais, enfim elas usam o corpo como forma de demonstrar descontentamento (mordida, tapas etc.)para com o amiguinho da escola. Esta fase passa desde que a criança tenha pessoas que explique a ela outras formas de lidar com a insatisfação, lembro que comportamento é modulado através da aprendizagem social. Nesta situação também tem um aspecto muito importante a criança sente culpa e chora por ter feito isso ao outro.



Quando falo sobre criança psicopata estou  me referindo a crianças que apresentam com grande intensidade e frequência comportamentos voltados para: agressividade, impulsividade, indiferença em relação aos outros como também a sentimentos, mente muito e não fica envergonhado quando é descoberto, enfrenta qualquer pessoa , não respeita figuras de autoridade( pais, professores), desafia o tempo todo vê somente a si mesmo sem estabelecer laços afetivos com outras pessoas, começam a fazer pequenos furtos, brincam de maneira estereotipada sem criatividade e dificuldade de aprendizagem formal.



Como a psicologia e a psiquiatria lida com diversos transtornos para sistematizá-los e denominar estes transtornos encontramos outra forma de funcionamento mental chamado de Transtorno Opositor, este também tem como características diversos comportamentos citados acima, o que dificulta o diagnóstico da criança psicopata, deixo claro que apesar da semelhança quando uma criança é diagnosticada com este transtorno não significa que ele é ou será uma psicopata. Grande parte dessas crianças necessita que seus pais coloquem mais regras e limites para que o filho lide assertivamente com a frustração. O grande diferencial é a intensidade e frequência dos sintomas, junto com ausência de culpa e como consequência de remorso, o prazer sádico em fazer o outro sofrer e relacionamentos com conotações perversas para com os coleguinhas.



Lembro-me de um atendimento de uma menina na época em torno de sete anos que adorava nas sessões lúdicas brincar arrancando a cabeça e as pernas da boneca, furando os olhos dos animaizinhos e dizendo que gostava que eu olhasse para que eu ficasse muito triste. A criança demonstrava muito prazer em seu sadismo e justificava que fazia aquilo porque os brinquedos eram culpados por torcer contra ela.


Voltando ao texto, outro dado importante é a família aceitar que, seu filho precisa de ajuda e o grau de comprometimento da criança, situação que aconteceu neste exemplo. Apesar da minha insistência em indicar um psiquiatra infantil para unir a terapia, isto só aconteceu quando ela perfurou os olhos de seu animal de estimação.



Concluindo, para fechar um diagnóstico é necessário que a criança tenha em torno de sete anos, antes já haver indícios desde pequena e que este seja feito por psiquiatra e psicólogo infantil com experiência nesse transtorno.


Há correntes de pesquisadores que acreditam ser um transtorno genético, já outros que o ambiente que a criança está inserida é que pode mobilizar a psicopatia.Eu acredito que o transtorno seja uma somatória destes dois fatores.



Dicas para lidar com a criança psicopata:


·         É dever dos pais conhecer bem, acompanhar o desenvolvimento e necessidades de seus filhos.


·         É  dever de a família agir de forma firma em relação a regras, normas, limites e organização dos filhos.


·         Como a criança é impulsiva e apresenta comportamento desafiar não permitir que ela controle e mande na família.


·         Quando os pais colocarem limites não deve ceder ou desistir de cobrar o que combinou com o filho, portanto avalie a situação e use bom senso.


·         Quanto mais cedo buscar ajuda profissional melhor será o prognóstico.



Teresa Zogaib

24/04/2012

Conflitos Familiares


 

Tenho observado ao longo dos anos em meus atendimentos as modificações que vem ocorrendo com a relação familiar, a grande maioria que busca auxílio em meu consultório trás com queixa seus conflitos o que acarreta crise.A princípio destaco que toda família passa por estas fases o que em si não é ruim,dependendo como a família lida com ela, já que a relação interfamiliar é complexa e intensa.

Percebo que estes momentos geralmente estão associados a disputa de poder, rivalidade, ciúmes, simbiose  etc.
É necessário dizer que apesar de todos serem da mesma família ,cada pessoa é única e singular, situação esta que pode gerar  dificuldades, já que interpreta a crise familiar de acordo com sua visão e história de vida.
 
 
Lembro que cada família tem seu próprio jeito de funcionar baseado em valores, regras, cultura e normas. Entre os mais variados tipos podemos ver: famílias hipocondriacas onde a predominância do relacionamento esta voltado para a valorização da doença( forma de chamar atenção).Famílias vorazes, que buscam sempre retirar ou se aproveitar de benefícios obtidos em suas relações, apresentam comportamento egoísta e são  muito competitivos.
Já outras apresentam uma dinâmica simbiotica, onde a família se fecha para as relações com outras pessoas, geralmente acarreta dificuldade em aceitar namoros, casamentos etc.As famílias narcisicas são aquelas que só eles são ótimos, sempre os melhores, apresentam comportamento arrogante.
 
 
É importante lembrar que é dentro do núcleo familiar que acontece um" caldeirão" de emoções, estas já são assimilados desde que a criança é pequena, lembro que comportamento é aprendido e que as crianças observam as atitudes e os valores dos pais, portanto eles são o modelo e posteriormente irão reproduzi-los.
É comum observarmos em famílias que vivem apenas cumprindo normas socias obrigatorias como por exemplo Natal, o esvaziamento dos vínculos afetivos entre seus membros. A relação acontece através da competitividade , um querendo ser melhor do que o outro, rivalidade, agressividade, raiva e muitas vezes de desprezo entre as pessoas.
 
 
Atualmente acredito que a grande crise esta relacionada com os papéis desempenhados pelas figuras materna e paterna, muitos sairam de uma educação autoritaria e com medo de errar passaram a criar seus filhos com muita liberdade, esquecendo de colocar limites, de ensinar a lidar com a frustração, ter respeito e tolerância para com o outro.
                                                    Enfim a família  pode  dar  certo?

Claro que sim para isto as relações devem ser baseadas em vínculos afetivos, estes são mais fortes até do que os vínculos sanguineos.
-É necessário que cada pessoa tenha seu espaço para expressar sua individualidade  e ser respeitado.
-Aprender a arte de conviver, lembrando que para que isso aconteça deve-se ter a capacidade de se colocar no lugar do outro.
-Exercitar: respeito, tolerância, solidariedade, apoio em situações de crise


Concluindo não existe família perfeita , procure valorizar os bons momentos ,isto aproxima as pessoas e amplia o vínculo.E principalmente quando você criar sua nova família mantenha o bom que você trouxe em sua história de vida e some com o novo que você pode fazer agora para não repetir os mesmos erros.
                                                                             
Seja  Feliz
Teresa  Zogaib


Sugestão de filme: Parente é Serpente













































11/04/2012

Será que consigo superar essa crise ?


Em todo minha vida nunca conheci ninguém que não tenha passado por várias situações de crise.
Chamo de crise quando ocorre uma modificação da forma que eu estava vivendo, quando somos obrigados ou escolhemos sair de nossa zona de conforto, isto mobiliza expectativa, ansiedade, angústia e medo entre outros sentimentos. Temos mania de controlar tudo em nossa vida e muitas vezes na vida do outro também o que só piora a situação, mas voltando para a crise, quando temos que mudar não é diferente, como não podemos prever nossa reação muito menos saber se a nova situação vai dar certo, surge a  insegurança do novo e lá vem a crise ,o que causa grande desconforto.

Todos nós passamos por crises em diversos momentos de nossas vidas, vejamos então: há crises consideradas naturais do desenvolvimento humano, passamos de uma fase para outra como quando entramos na adolescência. Lembra como era difícil? Quanta vergonha sentiamos de nosso corpo, jeito de ser, fora o medo de não ser aceita pelo grupo.
Essas crises não tem como não passá-las e como a natureza é sábia ela nos da ferramentas para enfrentarmos e nos adaptarmos e assim vamos vivendo cada etapa de nossa vida.

Outras crises estão relacionadas com situações inesperadas como por exemplo, uma perda repentina, doenças etc. Há outros momentos que podemos ir de encontro a uma determinada situação desencadeando algo como por exemplo perder o emprego, rompimentos afetivos ou famíliares etc.
Por fim a famosa crise existencial , sem que você note um dia ela surge e passamos a pensar o que estamos fazendo de nossas vidas, qual o rumo que ela esta tomando e quais decisões terei que tomar para mudar? Esse tipo de crise aparece  quando não estamos contentes com nossa vida ou sentimos uma sensação de vazio, o que pode mobilizar sentimentos que até então  não pareciam tão ameaçadores como angústia e um medo paralisante, o que pode levar a um quadro depressivo , crise de ansiedade ou pânico entre outros.

Estudiosos do comportamento afirmam que tanto as crises positivas que são aquelas em que a pessoa tem a possibilidade de atingir seus objetivos e metas como as crises negativas que envolvem perdas, mobilizam reações de enfrentamento e superação dependendo do perfil  e de como cada pessoa  as enfrenta.
Já os psicólogos apontam que a forma de interpretar e reagir a uma crise esta relacionada com a maneira da pessoa lidar com situaçõers conflituosas, falam que pessoas que foram criadas ou vivem em ambientes que estimulam a auto estima, segurança, autônomia e flexibilidade apresentam tendência a superar as crises vividas de forma mais saudável, aproveitando esses momentos para transformar suas vidas e ampliar seu bem estar.

Já pessoas que vivem a vida de forma mais negativa, acreditando que são sempre azaradas, que não conseguem atingir seus projetos e  desistem desses facilmente apresentam maiores dificuldades para superar o que estão vivendo.
Concluindo acredito que a capacidade de superar suas crises esta relacionada principalmente com seus
recursos internos transformando-os em atitudes mais assertivas .Para que isso aconteça é importante você: pensar, refletir, utilizar sua inteligência emocional a seu favor, ter paciência mas não confunda com acomodação  e ser flexivel.
 
Transforme tudo isso em pensamentos e atitudes ,tenho certeza que seu caminhar em busca da superação será mais equilibrado.Busque ajuda profissional se achar necessário , você aprenderá a se auto conhecer e enfrentrar melhor seus desafios.

                                                                          Seja  Feliz
                                                                      Teresa  Zogaib



02/04/2012

As Aparências Enganam?


Outro dia encontrei uma conhecida que estava muito aborrecida e desapontada, afirmava a todo instante em nossa conversa como uma pessoa que se dizia tão sua amiga pode enganá-la tanto.


A partir dessa conversa fiquei pensando quantas e quantas vezes ouvi a mesma história, o que mudava era o personagem principal, ora amigo, ora namorado, marido, mas sempre o mesmo desfecho "como eu me deixei enganar".
Mas afinal por que as aparências nos enganam tanto, o que acontece que a pessoa não consegue perceber como o outro é?


Estudiosos da Psicologia afirmam que quando conhecemos alguém ou enfrentamos alguma situação nova temos por hábito (sobrevivência) fazer uma avaliação do outro, ou melhor, um pré-conceito de como a pessoa é, e a partir disso construímos uma pessoa com características, personalidade e comportamento baseado em nossa percepção sensorial e acreditamos que o outro é como o vemos a partir de nossa ótica.
Cuidado, você pode estar enganado e isso pode gerar muitos incômodos a você e a outra pessoa, portanto antes de sair por ai falando o que acha do outro pare e reflita como você o enxerga, o quanto tem do outro (realidade) e o quanto você projetou nele (fantasia).



Enfim esses enganos são normais e em sua maioria quando você da oportunidade para o outro se mostrar todo esse mal entendido pode acabar e você ainda poderá achá-lo uma pessoa incrível para se relacionar.
O que você pode tirar dessa experiência é prestar mais atenção para não continuar repetindo esse jeito de pensar, com isso você evita idealizações, frustrações, enganos e confusões, fora a energia que gasta nesse processo todo. Ok?


 Agora vamos falar de outro tipo de engano, é quando a pessoa veste a máscara social e se mostra como você gostaria que ele fosse. E você que já esta carente com vontade de ter novos amigos ou relacionamentos afetivos encontra com esse tipo de pessoa e acredita que agora achou a pessoa perfeita e que será feliz junto a ele. Imagina que irá dividir seus segredos, problemas, projetos e alegrias.

Isso sem falar nos relacionamentos afetivos, como você desejou tanto uma pessoa como ele, você se afasta dos amigos, muda o rumo de sua vida e após algum tempo , a mascara cai e você se decepciona e sente muita raiva dele e sua também por ter se deixado enganar



Como tudo na vida é experiência aprenda com essa também para não se enganar novamente, comece cuidando primeiro de sua carência, depois vá construindo a relação sem deixar sua identidade.

O perfil de pessoas que tentam enganar o outro geralmente esta relacionado com a voracidade e a inveja, querem tudo da outra pessoa para si, somado a isso temos um desvio de caráter. Utiliza-se do outro sem pensar nos danos e na dor que isto poderá causar a ela, situação esta que não o incomodará, pois o que importa é alcançar seu desejo.
 

Para não cair novamente nessa armadilha trabalhe sua carência, desenvolva seu autoconhecimento e se torne mais seletiva no sentido de escolher pessoas com as quais você terá prazer e confiança para conviver.

Já em relação a pergunta do inicio do texto se as aparências enganam, enganam sim por um período, mas uma hora a mascara cai e você enxerga de verdade com quem está se relacionando.


 
Seja Feliz

Teresa Zogaib