Durante os vinte anos que trabalho como Psicóloga Clínica tenho
acompanhado vários casais que decidiram adotar um filho. Verifico que o maior
índice de adoção é em relação a crianças pequenas do sexo feminino.
Ao longo da caminhada dos pretendentes,
no processo adotivo observo que, a grande maioria cria expectativas em como vai
ser a criança, muitas vezes o casal fantasia a criança como eles gostariam de
ter, por exemplo: características físicas, cognição e sociabilização
idealizadas, situação que também ocorre com os pais de filhos biológicos.
É claro que tanto a criança adotada
como a biológica não irá atender todos os desejos dos pais. O que poderá
desencadear um processo depressivo atrapalhando a relação pais e filho (vínculo
afetivo).
A depressão é uma doença que atinge uma
grande porcentagem em nossa população, suas principais características são:
angústia, alteração de sono, de alimentação de humor principalmente com
pensamentos negativos, falta de prazer nas atividades cotidianas que antes
geravam bem estar, solidão, irritabilidade, choro frequente e sensação de ser
incapaz, mais sintomas somáticos.
A depressão pós-adoção além desses
sintomas apresenta uma vertente hormonal, portanto estamos falando de uma causa
interna fisiológica somada a fatores comportamentais externos.
Já outros casais passam por uma
depressão devido à mudança de ritmo de vida, mas esses desaparecem em torno de
15 dias e a mãe retoma sua nova rotina com seu bebê.
Já a depressão pós-adoção apresenta os
sintomas descritos acima de forma severa somado a um grande estresse devido
todo o processo adotivo e adaptativo do bebê. A mãe apresenta grande cansaço e
está sempre muito desgastada para lidar com suas tarefas.
Destaco de grande importância que pais
que recebem respostas negativas do meio social/ambiente como, por exemplo,
famílias que apresentam dificuldades em aceitar essa adoção, círculo de amigos,
preconceito, escolas e de criarem vínculo afetivo com a criança, apresentam uma
grande tendência em desencadear insegurança, angústia e depressão.
Frente a esse momento e devido a
intensificação dos sintomas e o tempo que eles podem permanecer é necessário
que o casal busque ajuda para tentar superar esta situação procurando um
tratamento psicoterápico, onde será esclarecido suas dúvidas e a respeito das
fases evolutivas que toda criança passa sendo ela adotiva ou biológica .
O processo terapêutico também o ajudará
a elaborar, a angústia, a insegurança destes pais situação também vivida pelos
pais biológicos. Sugiro que um dos principais tema a ser elaborado é a
expectativa idealizada dos pais frente ao filho real.
Indico junto ao tratamento psicológico
o tratamento psiquiátrico já que os dois em conjunto apresentam um prognóstico
muito melhor para quem está sofrendo.
Lembro que a criança precisa de cuidados,
amor e ambiente saudável é isto que faz o processo de vinculação entre pais e
filhos para que todos sintam-se em família.
Seja feliz
Maria Teresa B. Zogaib
Mestre em Psicologia da Saúde.
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