31/07/2016

Depressão Pós-Adoção


Durante os vinte anos que trabalho como Psicóloga Clínica tenho acompanhado vários casais que decidiram adotar um filho. Verifico que o maior índice de adoção é em relação a crianças pequenas do sexo feminino.
Ao longo da caminhada dos pretendentes, no processo adotivo observo que, a grande maioria cria expectativas em como vai ser a criança, muitas vezes o casal fantasia a criança como eles gostariam de ter, por exemplo: características físicas, cognição e sociabilização idealizadas, situação que também ocorre com os pais de filhos biológicos.

É claro que tanto a criança adotada como a biológica não irá atender todos os desejos dos pais. O que poderá desencadear um processo depressivo atrapalhando a relação pais e filho (vínculo afetivo).
A depressão é uma doença que atinge uma grande porcentagem em nossa população, suas principais características são: angústia, alteração de sono, de alimentação de humor principalmente com pensamentos negativos, falta de prazer nas atividades cotidianas que antes geravam bem estar, solidão, irritabilidade, choro frequente e sensação de ser incapaz, mais sintomas somáticos.

A depressão pós-adoção além desses sintomas apresenta uma vertente hormonal, portanto estamos falando de uma causa interna fisiológica somada a fatores comportamentais externos.
Já outros casais passam por uma depressão devido à mudança de ritmo de vida, mas esses desaparecem em torno de 15 dias e a mãe retoma sua nova rotina com seu bebê.
Já a depressão pós-adoção apresenta os sintomas descritos acima de forma severa somado a um grande estresse devido todo o processo adotivo e adaptativo do bebê. A mãe apresenta grande cansaço e está sempre muito desgastada para lidar com suas tarefas.

Destaco de grande importância que pais que recebem respostas negativas do meio social/ambiente como, por exemplo, famílias que apresentam dificuldades em aceitar essa adoção, círculo de amigos, preconceito, escolas e de criarem vínculo afetivo com a criança, apresentam uma grande tendência em desencadear insegurança, angústia e depressão.
Frente a esse momento e devido a intensificação dos sintomas e o tempo que eles podem permanecer é necessário que o casal busque ajuda para tentar superar esta situação procurando um tratamento psicoterápico, onde será esclarecido suas dúvidas e a respeito das fases evolutivas que toda criança passa sendo ela adotiva ou  biológica .


O processo terapêutico também o ajudará a elaborar, a angústia, a insegurança destes pais situação também vivida pelos pais biológicos. Sugiro que um dos principais tema a ser elaborado é a expectativa idealizada dos pais frente ao filho real.
Indico junto ao tratamento psicológico o tratamento psiquiátrico já que os dois em conjunto apresentam um prognóstico muito melhor para quem está sofrendo.
Lembro que a criança precisa de cuidados, amor e ambiente saudável é isto que faz o processo de vinculação entre pais e filhos para que todos sintam-se em família.


                                                  Seja feliz
                                        Maria Teresa B. Zogaib 
                                        Mestre em Psicologia da Saúde.






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